Seguro rural pode ganhar espaço com realocação de recursos do crédito agrícola
A necessidade de fortalecer o seguro rural como ferramenta de proteção diante das perdas crescentes causadas pelas mudanças climáticas marcou a abertura do Seminário Técnico Nacional sobre Gestão de Riscos Agropecuários e Seguros Paramétricos, realizado na última sexta-feira (19), na Sociedade Rural Brasileira, em São Paulo.
Durante o encontro, o assessor especial do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Augustin, levantou a possibilidade de redirecionar parte do crédito agrícola para ampliar a cobertura de seguros no campo. “O crédito rural para o pequeno produtor é sagrado, mas para o grande talvez não faça tanta diferença. Será que precisamos destinar todos esses recursos ao crédito, quando o seguro pode evitar renegociações tão custosas?”, questionou.
Atualmente, apenas 7,4% da área plantada no Brasil conta com seguro rural — índice que já foi de 13% e vem caindo ano a ano, segundo o deputado federal Arnaldo Jardim. Ele alertou ainda que, na safra 2025/26, os recursos disponíveis deverão cobrir apenas 5 milhões de hectares, o menor patamar em dez anos.
Em participação por vídeo, a senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina destacou o papel estratégico da ferramenta. Para ela, o seguro protege não só os produtores, garantindo liquidez para a próxima safra, como também instituições financeiras e o próprio governo, reduzindo gastos com renegociações.
A proposta de reforçar o seguro com recursos antes destinados ao crédito agrícola também foi defendida pelo secretário de Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, e pelo secretário de Política Agrícola do Mapa, Guilherme Campos. Este último reforçou que, se a verba tem origem pública, deve haver um esforço conjunto entre União, estados e Legislativo para ampliar o alcance do seguro.
Campos ainda reconheceu as dificuldades no atual Plano Safra, que não tem apresentado os mesmos resultados de anos anteriores, especialmente no segmento de investimentos. Entre os entraves, citou a manutenção da taxa Selic em 15% pelo Copom.
Comentários: